quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A Identidade Mineira nas poesias de Drumond


















Carlos Drummond de Andrade nasceu em 31 de outubro de 1902, é mineiro de Itabira, cidadezinha do interior carinhosamente apelidada de Cidade da Poesia. Estudou em Belo Horizonte e em Nova Friburgo. Ele levou por toda sua vida como um de seus temas mais recorrentes a saudade que sentia de sua infância. Em 1930, lança seu primeiro livro "Alguma Poesia" foi um marco da segunda fase do Modernismo Brasileiro, ele demonstrava grande amadurecimento e reafirmava sua distancia dos tradicionalistas com o uso da linguagem coloquial, que ja começava ser aceita pelos leitores. Drummond falava sobre temas como o desajustamento do individuo, ou as preocupações socio-politicas da época como em "A Rosa do Povo"(1945). Apesar de temas fortes, ele conseguia encontrar leveza para manter sua escrita com humor e uma sobria ironia.

Produzindo até o fim de sua vida, Carlos Drummond de Andrade deixou uma vasta obra. Quando faleceu em agosto de 1987, ja havia destacado seu nome da literatura mundial. Com seus mais de 80 anos, considerava-se "sobrevivente", como destaca em um de seus poemas chamado "Declaração de juizo". Quem tiver a oportunidade de ir a Itabira não deve deixar de visitar a parte mais antiga da cidade onde fica a bela casa onde Drummond morou, e também o Memorial de Carlos Drummond de Andrade um belo lugar onde é contado a historia de sua vida e suas obras.




A Infância (1960)

Meu pai montava cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
Lia a historia de Robinson Crusoé.
Comprida historia que não acabava mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala-e nunca se esqueceu
chamava para o café
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
-Psiu...Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro...que fundo!

La longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha historia
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.








Quadrilha (1960)

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava
Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o
convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J. Pinto
Fernandes
que não tinha entrado na história.




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