terça-feira, 14 de setembro de 2010

Cine Theatro Central: de Juiz de Fora para o Brasil.

Já morei dois anos em Juiz de Fora, nesses dois anos tive o privilégio de ir algumas vezes ao Cine Theatro Central. A beleza desse é encantadora e já me motivou a muitas coisas. Hoje não é diferente, todas as vezes que volto à cidade faço questão de dar uma passada no Central. Fiz dele minha inspiração para criação de uma coleção.

O edifício de linhas sóbrias e retas, ao estilo art déco, e fachada discreta, ganhou suntuosa ornamentação artística interna, assinada pelo pintor italiano Ângelo Bigi, radicado no Brasil. Bigi pressentiu que aquela seria a sua grande obra. Legou ao Central uma decoração de sabor de antiguidade clássica, com cenas de ninfas e faunos em jardins românticos e paradisíacos, uma Arcádia mitológica que exala paz, harmonia e felicidade. Ao centro, medalhões com as efígies de grandes mestres da música: Wagner, Verdi, Beethoven e o nosso Carlos Gomes. Enfim Juiz de Fora podia se orgulhar de contar com um teatro digno de sua importância econômica, política e cultural.

Na década de 80 a situação agravou para o Cine Theatro Central. Seu destino estava em jogo e a palavra-chave para salvá-lo era desapropriação. A administração municipal, porém, não tinha os recursos necessários para isso. A solução, depois de muitas negociações com a Companhia Franco-Brasileira, então proprietária do cine-teatro, foi a mobilização de lideranças locais no Governo Federal e a aquisição do imóvel pela Universidade Federal de Juiz de Fora, através de recursos do Ministério da Educação, em 1994. Neste mesmo ano, o Central seria tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O desafio seguinte seria a viabilização da completa restauração do Cine-Theatro Central.

O resgate de um patrimônio como este era algo complexo e demandava mão-de-obra especializada e recursos que só seriam reunidos com o empenho de muitas fontes. Não demorou para que toda a verba fosse captada e a reforma, orçada em aproximadamente R$ 2 milhões, tivesse início em janeiro de 1996. A recuperação ficou sob o encargo da empresa especializada Espaço-Tempo, de Belo Horizonte. Durante mais de oito meses, quatro restauradores profissionais coordenaram as células de trabalho de equipes formadas por estudantes de artes, arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de Juiz de Fora, que se equilibraram sobre uma plataforma de 500 metros quadrados para a tarefa de limpeza, fixação e restauração das pinturas de Ângelo Bigi no forro.

Localizado no coração da cidade, em sua artéria mais querida, a rua Halfeld, apesar de iniciativa particular, o Central exerceria a função de teatro municipal, o espaço elegante e tecnicamente adequado para a apresentação dos grandes espetáculos. Um dos maiores teatros do país, com seus quase dois mil lugares, seria também um dos mais belos e uma das poucas casas do Brasil com infra-estrutura para montagens tão diversas quanto teatro, ópera, balé e concertos. Com este perfil, o palco do Cine-Theatro Central receberia, nas décadas seguintes, alguns dos mais prestigiados artistas nacionais da música, do teatro e da dança.

Painel de inspiração:

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