segunda-feira, 13 de setembro de 2010



A obra do artista mineiro Farnese de Andrade causa forte impressão ao explorar os aspectos singulares da obra de Farnese, que, dono de uma personalidade difícil, morreu em 1996, aos 70 anos, sem ter sua obra suficientemente analisada pela crítica nem absorvida pelo mercado de arte.

"Anunciação", 1983-85-87-95

Farnese de Andrade (1926, Araguari, MG - 1996, Rio de Janeiro, RJ)

Nascido em Araguari, no Triângulo Mineiro, em 1926, Farnese de Andrade Neto entrou em 1945 na Escola do Parque de Belo Horizonte, onde foi aluno de Guignard e contemporâneo de artistas como Amilcar de Castro, Mary Vieira e Mário Siléso. Começou a carreira como desenhista e gravador e, a partir de 1964, passou a transformar os restos de madeira e brinquedos que coletava junto com conchas e detritos vindos do mar em obras de arte. Essas obras — assemblages de composições e formatos variados — foram o ponto alto do seu trabalho e da mostra no CCBB.
As primeiras caixas de Farnese já misturam bonecos destruídos, mariscos, cacos e bolas de vidro. Embora tenha sido muitas vezes chamado de escultor, o artista nada esculpia; apenas dava tratamento ao mobiliário mineiro de roça que adquiria em fontes diversas (antiquários, feiras e depósito de demolição), misturando-os à “coleção de restos” que reunia nas praias e até mesmo na rua. As imagens de santos também são um elemento recorrente em sua obra. Elas aparecem invertidas, mutiladas ou envoltas em redomas (nas peças mais antigas) ou resina (mais recentes). Sobretudo os santos popularizados pela Umbanda — como Iemanjá, São Jorge e os gêmeos São Cosme e São Damião.

"O anjo", 1995.
Conheci obras importantíssimas para se compreender a poética do artista, caso, por exemplo, de “Mater” (1990), um pedaço de madeira atravessado por um grosso fio de ferro — que faz o papel de uma espécie de cordão umbilical. Na superfície da madeira, uma foto resinada da mãe do artista e do próprio Farnese, no espelho. É o caso, também, de “Araguary” (1975/1984), um pedestal de madeira onde Farnese instalou, uma foto de sua cidade natal. Em cima do pedestal, pôs ainda uma cabeça de boneca envolta em resina, como se estivesse boiando em líquido. Ou ainda “Anunciação” (1984), uma gamela de madeira em cujo fundo o artista acrescentou uma foto de bebê e a forma de um ovo.
Para a crítica Uiara Bartira a obra de Farnese está estruturada a partir de signos. Apesar de profundamente autobiográficas, suas peças abordariam o tempo inteiro a dualidade entre a vida e a morte — e a angústia do homem diante do fato inevitável de que vai morrer. Outros antagonismos, como o entre feminino e masculino, também são abordados nas assemblages.
“Suportes como gamelas, oratórios, armários e caixas de resina são utilizados como ‘corpo’ e definem diferentes segmentos. As gamelas falam da sensualidade — o feminino —, o que está embaixo. Os oratórios, da cerebralidade — o masculino —, o que está em cima. Os armários discutem sexualidade, o egoísmo, a posse. As caixas — inside — o egocentrismo. Nas resinas residem os medos, as inseguranças e as ansiedades”, escreve Uiara.

"O Anjo de Hiroshima",1968 - 78.

"Viemos do mar", 1978.

"Viemos do mar", 1978.

Bonecos queimados ou mutilados também são outra marca da obra do artista, como se observa na série de trabalhos sobre a tragédia atômica de Hiroshima. Eles também aparecem no filme “Farnese” (1970), dirigido e roteirizado pelo crítico de arte Olívio Tavares de Araújo e escolhido melhor curta-metragem no Festival de Cinema de Brasília de 1971. No filme — restaurado em 2001 e transformado em um DVD que faz parte do livro de luxo “Farnese de Andrade”, editado pela Cosac Naify — a voz em off do diretor comenta o que o espectador está vendo:
“Campos de concentração, cidades devastadas, bombardeiros repletos de Napalm, um humanismo esmagado, a manhã seguinte em Hiroshima e Nagazaki. É nesta atmosfera que respiram os habitantes das caixas de Farnese. A eles se aplica um antigo paradoxo. Imagens que não suportaríamos em sua existência original, depois de reelaboradas pelo artista adquirem uma nova e positiva dimensão. E oferecem uma emoção vizinha da alegria: o prazer que resulta, por força, da beleza”.

"Oratório da Mulher", 1973 - 83.

"Cosme e Damião", 1975.

No livro Farnese de Andrade, da Cosac Naify, o crítico Rodrigo Naves destaca, no texto “A grande tristeza”, a sensação perturbadora que é estar diante da obra de Farnese:
“Conheço pouca coisa mais triste que os trabalhos de Farnese de Andrade. Essas cabeças de boneca arrancadas do corpo lembram maldades de infância. As madeiras gastas de seus trabalhos guardam um tempo esponjoso, que se acumula sobre s ombros e nos paralisa os movimentos. As fotografias e imagens presas nos blocos de poliéster falam de um passado que nos inquieta, mas que não podemos remover ou processar, já que não mais nos pertence.”

Mercado Cultural

Painel de inspirações

Minas tem características culturais marcantes, entre elas, a sua culinária e o seu artesanato. Imagine um lugar que reúne tudo isso e mais um pouco?

O mercado central nasceu em sete de setembro de 1929, na época, conhecido como Mercado Municipal de BH, por meio do empreendedorismo do prefeito Cristiano Machado. A intenção
era reunir, num só local, produtos destinados ao consumo da população da capital mineira. No início, os feirantes se reuniam num terreno de 22 lotes, próximo à praça Raul Soares. A ideia era centralizar o abastecimento da cidade. Naquele momento, o terreno descoberto de 14.000m2 abrigava barracas de madeira.

A proposta da “feira” estava caminhando, o movimento era intenso. Porém, em 1964, o prefeito Jorge Carone resolveu vender as terras, sob a justificativa de impossibilidade administrativa para a feira.

Os comerciantes então se organizaram para impedir o fechamento do mercado, sendo liderados pelo Sr. Raimundo Pereira Lima e criaram uma cooperativa para comprar o imóvel da prefeitura. O grande desafio era construir um galpão coberto em 5 anos, o que só aconteceu devido a um financiamento feito pelos fundadores do Banco Mercantil, que, 15 dias antes da entrega do mercado, acreditaram no projeto e resolveram apoia-lo.

Hoje, o Mercado Central é mais que uma feira. É um lugar de referência da identidade mineira. Você pode encontrar cultura popular, tradição e contemporaneidade em forma produtos legitimamente da nossa terra.

As cores e formas de Inhotim


Inhotim é um lugar em contínua transformação,onde a arte convive em relação única com a natureza. Situado em Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte (MG), Inhotim ocupa uma área de 45 ha de jardins – parte deles criada pelo paisagista brasileiro Roberto Burle Marx – com uma extensa coleção botânica de espécies tropicais raras e um acervo artístico de relevância internacional. Além da arquitetura dos museus convencionais e dos parques de escultura, Inhotim oferece aos artistas a oportunidade de sonhar e produzir obras de realização complexa.

Arte Contemporânea

O acervo de Inhotim vem sendo formado desde meados de 1980, com foco na arte produzida internacionalmente dos anos 1960 até os nossos dias. Pintura, escultura, desenho, fotografia, vídeo e instalações de renomados artistas brasileiros e internacionais são exibidos em galerias espalhadas pelo Parque Ambiental. Uma série de projetos especialmente comissionados por Inhotim estão atualmente em andamento e envolvem artistas como Doug Aitken, Matthew Barney, Rivane Neuenschwander, Pipilotti Rist e Carrol Dunham.

Partindo da minha paixão por Burle Marx e intervenções artísticas na natureza proponho a junção de ambos, trazendo-os para o mundo da moda.

A Moda Das Namoradeiras



As Namoradeiras são bonecas que ficam debruçadas na janela das casas mineiras,com a mão na cabeça experando um amor perfeito. Elas são mulatas e negras para denuciar o preconceito que a maioria das pessoas tem com mulheres negras e mulatas. Essas bonecas representam uma pessoa se exibindo para as pessoas na rua, para isso usam vestidos coloridos e bem decotados, marcando os seios.

Se as Namoradeiras fossem pessoas de verdade, elas seriam mulheres negras mais ousadas, ficariam se mostrando para os homens,isto porque elas são uma referência estereotipada das mulheres interioranas que antigamente passavam longos períodos do dia na janela de suas casas namorando ou apenas esperando o tempo passar. Elas usariam roupas mais indiscretas, para expor o corpo, ou seja, qualquer pessoa que passaria perto dela ia notar o quão ela estava se exibindo.

Apesar de não existir uma história sobre essas bonecas e a discussão sobre sua origem ser incerta, elas sem dúvida estão na moda e alguns espaços de comentários sobre artesanato afirmam que as "namoradeiras" estão ganhando as janelas do País.

Referências:
www.ritapolis.com
www.arteemterblog.blogspot.com

Teatro: a busca, o imaginário, o fantasioso



O teatro é também comovente, tocante, encantador, fantástico e é lá que as coisas acontecem.
Ao lado do teatro e da música, a dança é uma das três principais artes cênicas. A dança se expressa através dos movimentos e nestes movimentos podem ser expressos todos os seus sentimentos, emoções, alegrias e outros. É considerada da arte a mais antiga e completa, pois se cria movimentos e expressa através do corpo.
O Ballet Contemporâneo foi criado no início do século e ainda preserva o uso das pontas e gestuais próximos ao Ballet Clássico. Neste estilo de dança as coreografias se diferem do método clássico e segue passos tradicionais fortemente misturados com sentimentos.
As roupas usadas são geralmente collants e malhas, que dão maior liberdade aos bailarinos dando mais ênfase aos movimentos do corpo.
Umas das características o Ballet Contemporâneo é que ele foi modificado as posições-base do Ballet Clássico, mantém a estrutura do ballet fazendo uso das diagonais e da dança conjunta. O que importa é a transmissão de sentimentos, idéias, conceitos.
Memoravelmente em Minas Gerais, o Ballet Contemporâneo é apresentado pelo Grupo Corpo e pelo Ballet Jovem.
O Grupo Corpo foi fundado por Paulo Pederneiras em 1975, em Belo Horizonte. Foi a absorção de uma identidade artística própria, a sustentação de um padrão de excelência e a construção de uma composição.
Atualmente, no Palácio das Artes, está exposto os 35 anos do Grupo Corpo. Está sendo exposto as cores do espetáculo Ímã; tubos com fotos em backlight expõem imagens de espetáculos diversos da trajetória do grupo e os nomes de todas as cidades percorridas pela companhia em seus 35 anos de estrada.
O Ballet Jovem Palácio das Artes foi criado 2008 pela Fundação Clóvis Salgado para incentivar a profissionalização de artistas e sua entrada no mercado da dança.
O objetivo é preencher um espaço vazio existente entre a formação e a inserção de um bailarino no mercado, um corpo de dança jovem formado por bailarinos com idade à partir dos 15 anos que são preparados para atuarem em companhias e grupos profissionais já estabelecidos no mercado brasileiro.

Eh trem bão!

O comboio ferroviário começou a ganhar importância a partir da Revolução Industrial (segunda metade do século XVIII), transportando as matérias-primas, os produtos e as pessoas de forma rápida e eficaz para regiões distantes.
Segundo o dicionário, a palavra trem serve para designar o conjunto de objetos que formam a bagagem de um viajante e é pelo fato do comboio ferroviário levar os “trens” das pessoas que ele passa a ser chamado de trem. Além disso, no dicionário a palavra trem designa qualquer objeto ou coisa; coisa, negócio, treco e troço no linguajar popular.
O trem chegou ao Brasil em 1854, financiado pelo Visconde de Mauá. Já em 1858 é inaugurada a segunda ferrovia que posteriormente passa a se chamas Central do Brasil ligando Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Essa ferrovia foi muito importante para o escoamento da produção das jazidas de ferro de Minas Gerais. O transporte ferroviário se torna então o mais importante, já que agilizava o deslocamento não só de mercadorias como de pessoas. Ao redor das linhas ferroviárias nasceram e cresceram vilas e cidades e empregou milhares de pessoas na construção dessas.
Em 30 de setembro de 1880, foi inaugurada a Estrada de Ferro Oeste de Minas que inicialmente ligava as cidades de Antonio Carlos e Barroso. Um ano mais tarde, sua sede passa a ser São João Del Rei. O trem emocionava e despertava o interesse dos moradores que viviam nos arredores da ferrovia. Em 3 de Agosto de 1989, a ferrovia foi tombada pelo patrimônio histórico e chegou a ter 602 km sendo, em 1996, incorporada à Ferrovia Centro-Atlântica. A ferrovia nunca parou de funcionar tornando-se um passeio turístico muito procurado entre as cidades de São João Del Rei e Tiradentes proporcionando uma viagem por uma história de mais de um século.

Painel de Inspiração


Tema
O sincretismo da mineira Sara Ávila


Justificativa
A fusão de elementos presentes nas obras de Sara Ávila, o fluxo ininterrupto de imagens, estranhas, por vezes tensas; esse mundo de devaneios, lúdico, com uma atmosfera neutra, que nos seduz e intriga pela falta de referentes, e nos permite relacionar, referenciar e recriar suas obras dentro de nós leva-me a querer colocar em minha obra um pouco deste mistério. Sincretismo, isto que vejo em diversas obras de Sara Ávila, onde a artista é capaz de utilizar formas (ou não formas) fluidas e efêmeras para criar formas próprias que “se significam” (ÁVILA, p.12), que possuem movimento e fluidez, e, muitas vezes, são também concretas e estáticas; difícil de explicar, mas fácil de entender, quando em frente a uma das obras de flottage de Sara Ávila, até porque os sentimentos são individuais.

(...) diluindo (ou concentrando) as formas com coloridos fluidos (ou densos), soube liquefazer (ou petrificar) os volumes vários exigidos pela figuração, conservando ou consagrando-lhes um sentido de plasticidade (ou de labilidade – variável, instável, transitório), a fim de ir ao encontro das sutilezas de sua intuição estética fundamental. (LATERZA, 1988)

É possível sentir, em meio a tantos sentimentos, uma "mineiridade" presente na obra de Sara, seja pela personalidade que as obras possuem ou adquirem, ou até mesmo pelo “quê” neobarroco que apresentam.

Utilizando-me disso, desse sincretismo “aberto”, pretendo desenvolver uma coleção baseada nesse efeito que a artista provoca, mesclando tecidos, formas e desenhos, e fazendo com que os mesmos, por mais diferentes e distantes que possam parecer, trabalhem de forma sinérgica para criar algo único. Preocupando-me mais com a não-forma do que com a forma e seguindo impulsos interiores, entrarei na busca por uma libertação, vinda de uma espécie de terapia realizada pelas experiências em busca de efeitos e formas; terapia da qual eu só terei alta quando sentir-me realizado com o processo e a obra. E levando em consideração o tema, para que isso aconteça é preciso que a obra possa ser e seja recriada dentro de cada um que a observe, segundo o olhar individual e carregado de histórias intrínsecas de cada participante. “Diante dos trabalhos de Sara Ávila, especialmente do seu signo mais conhecido: as imagens de manchas, inspiradas nos testes de Rorschach, estamos num campo perturbador.” (SEBASTIÃO, p. 06)

Impossível saber o que acontecerá, o que será criado, e nada mais inspirador e instigador do que essa dúvida, afinal “Alguém já disse que a criatividade começa onde o conhecimento acaba.” (ÁVILA, P.47)

Lembrando que, segundo o próprio professor/ orientador Aldo Clécius em seu texto Nippo-Cangaceiro, “Reprocessar, misturar, sacudir, liquidificar, miscigenar. Nada é tão estranho que não possa ser unificado”. Assim seja.

Lucas Santi


Referências:
ÁVILA, Sara. Sara Ávila: depoimento/ [Coordenadores: Fernando Pedro da Silva, Marília Andrés Ribeiro]. Belo Horizonte: C/ Arte, 2001.

Disponível em: http://www.comartevirtual.com.br/sa-crit.htm
Acesso em: 06/09/2010.